Uma acalorada audiência pública marcou o primeiro debate sobre a construção de um cemitério vertical na Rua José Dini, no Jardim Maria Rosa. O empreendimento está em fase de licenciamento e será erguido por um grupo privado, que já adquiriu o terreno. Cerca de 100 moradores participaram da reunião.
A audiência pública foi presidida pelo vereador Dr. Ronaldo Onishi e contou com a presença dos vereadores Anderson Nóbrega, Dr. André da Sorriso e Carlinhos do Leme. Após escutar os argumentos dos moradores e da empresa, todos os parlamentares presentes disseram ser contra a construção do cemitério vertical no local onde está previsto atualmente.
A comissão de moradores alega que o empreendimento impacta diretamente a vida de pelo menos 35 mil habitantes, colocando todos em potencial risco com contaminações no ar e no solo. Além disso, os moradores argumentaram que o cemitério trará piora no trânsito, desvalorização dos imóveis e um impacto social e emocional.
Os moradores entregaram para a comissão de vereadores uma cópia de um abaixo-assinado com oito mil assinaturas contra a instalação do cemitério vertical no bairro. A advogada Shirlei Menezes disse que “nós moramos aqui, é óbvio que nós queremos o progresso, mas somos a favor da qualidade de vida. E ao que me consta, ninguém aqui foi consultado sobre termos um cemitério ao redor de nossas casas”.
Já os representantes do Grupo Colina, que possuem empreendimentos similares em Suzano, Poá, Guarulhos e Cotia, defenderam a construção no local alegando que os filtros instalados são seguros e não existe nenhuma contaminação de solo. “É feita uma filtragem química, o que sai é oxigênio puro, sem odor, sem cheiro”, disse João Lopes, um dos proprietários.
Após três horas de audiência pública, com intensa participação dos moradores, os vereadores pediram aos responsáveis pelo empreendimento, que fosse procurado um novo terreno, longe das áreas residenciais, para a implantação do cemitério vertical.
“Não somos contra o empreendimento, mas contra o local onde está previsto. Os moradores precisam ser ouvidos e nós vamos encontrar uma solução, mas não podemos admitir a construção contra a vontade dos moradores”, diz Onishi.
O vereador Anderson Nóbrega afirmou que é contra a instalação do cemitério vertical no local. “As pessoas já moram ali e quando compraram seus apartamentos, suas casas, não existia a previsão de empreendimento que, além do impacto emocional, também pode apresentar riscos à saúde. Quem garante que os filtros não vão falhar? Não podemos e não vamos permitir que a vida dos moradores corra esse risco. Que o cemitério seja construído em um local que não seja residencial”.
Presidente da Câmara Municipal, Dr. André da Sorriso fez um discurso forte contra a instalação do empreendimento no Jardim Maria Rosa. “Não sou contra o empreendimento, porém, o local escolhido foi o errado. Depois dessa audiência, acho até constrangedor os empreendedores continuarem com o projeto, tentar fazer goela abaixo com posicionamento contrário da Câmara Municipal e de todos esses moradores”, afirmou.
O vereador Carlinhos do Leme foi enfático ao dizer que é contra o empreendimento no local e pediu que os proprietários reflitam e procurem um local adequado para a construção. “Ninguém quer um cemitério na frente de sua casa, tem um impacto emocional grande. Sabemos que é necessário, mas não dá para chegar em um dos bairros mais antigos e populosos de Taboão da Serra e construir sem ouvir a população. Sugiro que a empresa faça uma permuta de terreno e que encontre uma solução, mas esse projeto não vai para a frente”.
No final da audiência pública a comissão de vereadores fez uma série de requerimentos solicitando mais informações sobre a situação do licenciamento ambiental, além de propor uma reunião com a Cetesb.
Fotos: Leandro Barreira / CMTS – Álbum: https://flic.kr/s/aHBqjAJHmf